Sete minutos com Deus
"O que apresentamos aqui é apenas uma orientação. Depois que alguém começa a orar, logo descobre que não dá para passar só sete minutos na presença do Senhor. É que acontece algo extraordinário. Os sete minutos “crescem”e viram vinte, depois aumentam ainda mais. Logo percebemos que estamos passando trinta minutos ou mais com Deus. E eles são minutos preciosos. Contudo não fiquemos ligados a um hábito, mas ao Senhor" (Robert D. Foster).
SETE MINUTOS COM DEUS
Robert D. Foster
Em 1882, no campus da universidade de Cambridge, ouviu-se pela primeira vez uma frase que mais tarde se tornaria um slogan para os cristãos: “Lembrem-se da vigília matutina”.
Alguns alunos daquela faculdade, entre eles Hooper e Thornton, perceberam que passavam o dia ocupados com diversos interesses. Eram os estudos, as aulas, os jogos, etc. Atividades e entusiasmo eram a ordem do dia. Contudo, como esses estudantes eram homens consagrados a Deus, perceberam que sua armadura espiritual tinha uma falha. Era apenas uma pequena “rachadura”, mas se não a tapassem, muito em breve estariam com sérios problemas.
Eles pensaram muito em como poderiam solucionar aquela dificuldade, e por fim encontraram uma solução, a que deram o nome de “vigília matutina”. O plano era dedicar os primeiros minutos do dia para estarem a sós com Deus, orando e lendo a Bíblia.
E foi a “Vigília” que tapou a rachadura. Essa prática serviu para demonstrar uma verdade da qual muitas vezes nos esquecemos, por estarmos envolvidos nas incessantes atividades diárias. Trata-se de algo que devemos nos relembrar todos os dias: Para conhecermos a Deus, precisamos, constantemente, passar algum tempo em comunhão com Ele.
A ideia daqueles jovens se alastrou. Seguiu-se, então, um período que alguém descreveu como “uma maravilhosa fase de bênçãos espirituais”. O movimento culminou com sete alunos daquela faculdade se dedicando à obra missionária. Esses estudantes, que ficaram conhecidos como “Os Sete Cambridge”, eram rapazes cultos, ricos e excelentes atletas. Contudo, largaram tudo e foram para a China, com o propósito de ganhar o país para Cristo.
Todavia descobriram que levantar mais cedo para se dedicar à oração, apesar de lhes ser vital, era também muito difícil. E Thornton decidiu derrotar a preguiça exercitando a disciplina. Ele inventou um dispositivo que se constituiu num “remédio” para a indolência. Montou junto à sua cama, uma vara de pescar movida pelo alarme do despertador. Quando o relógio despertava, a vara “pescava” o cobertor e o erguia bem alto, deixando a pessoa descoberta.
Aquele jovem realmente queria se levantar cedo para ter comunhão com o Senhor.
É disso que todos nós necessitamos. Precisamos voltar a ter comunhão com Deus no silêncio da manhã. Podemos dar a esse momento o nome que quisermos – hora silenciosa, devocional, culto pessoal ou particular, ou “Vigília Matutina”. O certo é que os minutos que passamos com o Senhor no início do dia constituem o segredo pessoal da vitória na vida cristã. Poderíamos compará-los a um fio de ouro que une os grandes homens de Deus – de Moisés a David Livingstone, do profeta Amós a Billy Graham. É o traço comum a ricos e pobres, a homens de negócio e militares. Todos os que tiveram alguma relevância no reino de Deus tinham como prioridade básica esta prática: passar momentos a sós com o Senhor.
No Salmo 57.7, o Rei Davi diz o seguinte: “Firme está o meu coração, ó Deus, o meu coração está firme”. Quem tem um coração firme e seguro goza de uma vida estável. Entretanto são poucos os cristãos que sabem o que é isso. E um dos ingredientes que nos faltam para conquistarmos essa estabilidade é um bom plano para uma “vigília” matutina, que deveríamos manter pelo resto da vida.
Sendo assim, eu gostaria de dar algumas sugestões para o leitor, no sentido de buscar essa prática. Devemos começar estabelecendo um período de sete minutos. Um momento devocional de cinco minutos talvez seja muito curto. E um de dez, para alguns, pode ser longo demais.
Meu irmão, você está disposto a dedicar a Deus sete minutos, todos os dias, pela manhã, observando sua hora silenciosa? Perceba que não falamos de cinco minutos, nem de seis dias da semana, mas de sete minutos, nos sete dias da semana. Quem tiver dificuldades em cumprir isso, peça a Deus que o ajude. Ore assim:
“Senhor, quero ter comunhão contigo cedo de manhã, pelo menos durante sete minutos. Então, ajuda-me a acordar quando o relógio despertar amanhã, às 6.15h, para ter um encontro contigo”.
Ainda podemos orar da seguinte maneira: “De manhã, Senhor, ouves a minha voz; de manhã te apresento a minha oração e fico esperando” (Sl 5.3).
E o que iremos fazer nesses sete minutos? Depois de nos levantarmos e cuidarmos de nossas necessidades pessoais, vamos procurar um lugar silencioso. Ali, com a Bíblia na mão, passaremos esse período a sós com Deus.
Nos primeiros trinta segundos, vamos nos dedicar a preparar o coração para a comunhão. Agradecemos a Deus pela boa noite de sono e pelas oportunidades que ele nos concederá no novo dia que se inicia.
“Senhor, purifica meu coração para que possas me falar através da tua Palavra. Abre-o e enche-o. Dá-me uma mente alerta, uma alma ativa e um coração receptivo. Cerca-me com tua presença durante estes momentos. Amém."
Em seguida, iremos ler a Bíblia durante quatro minutos. Nossa maior necessidade é receber uma palavra de Deus. Então vamos permitir que a mensagem da Bíblia incendeie nosso coração. Vamos ter um encontro pessoal com o Autor dela.
Um bom texto para se iniciar é um dos Evangelhos. Devemos principiar pelo livro de Marcos. Começando com o primeiro capítulo, versículo 1, vamos lendo consecutivamente. Não precisa ler com pressa, correndo. Contudo evitemos parar para fazer estudo de algum termo, pensamento ou algum problema teológico, com que possamos nos deparar. Vamos ler apenas pelo prazer de ler, deixando que Deus fale ao nosso coração.
Podemos ler uns vinte versículos ou talvez um capítulo inteiro. Terminando o de Marcos, passemos ao Evangelho de João. Com pouco tempo, já estaremos querendo ler todo o Novo testamento.
Depois que Deus nos falar por meio de sua Palavra, é hora de falarmos com Ele, pela oração. Agora temos dois minutos e meio para nos devotarmos a essa comunhão. A oração deverá ser divida em quatro partes: adoração, confissão, ações de graças e súplicas. Vejamos cada uma delas.
Adoração – É a oração mais pura, pois é totalmente voltada para Deus. Nela não há nada para nós mesmos. Quando nos apresentamos perante um rei, não entramos estabanadamente. Não, primeiro, fazemos as devidas reverências e os cumprimentos. Então é assim também que vamos adorar a Deus. Vamos dizer-lhe que o amamos. Vamos refletir sobre o seu poder, grandeza, majestade e soberania.
Confissão – Após a adoração, vem a confissão. Depois de entrarmos na presença do Senhor, vamos confessar nossos pecados. Tenhamos o cuidado de nos purificar de todos os pecados, e de assumir também o propósito de abandoná-los. O termo “confessar” significa concordar com”, Então é assim que devemos orar. Nesse caso, confessar significa concordar com Deus. É possível que alguns dias antes, tenhamos falado algo que para nós foi apenas um “exagero”. Para o Senhor isso é mentira. Ou quem sabe usamos um termo que chamamos de “linguagem forte” Deus o chama de linguagem torpe. Ou dissermos algo que explicamos como “falar uma verdade sobre um irmão”. Deus diz que é “difamação”. “Se eu no coração contemplara a vaidade, o Senhor não me teria ouvido” (Sal. 66.18).
Ações de graças – Aqui expressamos nossa gratidão a Deus. Podemos citar bênçãos específicas, pelas quais lhe estamos gratos: Nossa família, nosso trabalho, nossa igreja e nossas responsabilidades no corpo de Cristo. Devemos agradecer-lhe inclusive pelas nossas dificuldades. “Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.(1 Ts. 5.18).
Súplicas – Suplicar significa “pedir com fervor em espírito de humildade”. É o momento em que apresentamos a Deus nossas petições. Primeiro devemos fazer pedidos por outros, e depois por nós. Podemos orar por pessoas que se encontram em várias partes do mundo como missionários, conhecidos nossos que estão em outros países, amigos que se acham distantes, etc. Sobretudo, porém, devemos orar pelos povos que ainda não ouviram falar de Jesus Cristo.
Vejamos, então, um resumo desses sete minutos de comunhão com Deus.
- 30 segundos: Pedindo orientação de Deus. (Sl 143.8)
- 4 minutos: Leitura da Bíblia (Sl 119.18)
- 2 minutos e 30 segundos: Oração
• Adoração (1 Cr 29.11)
• Confissão (1 Jo 1.9)
• Ações de graças (Ef 5.20)
• Súplicas (Mt 7.7)
= Total: 7 minutos.
O que apresentamos aqui é apenas uma orientação. Depois que alguém começa a orar, logo descobre que não dá para passar só sete minutos na presença do Senhor. É que acontece algo extraordinário. Os sete minutos “crescem” e viram vinte, depois aumentam ainda mais. Logo percebemos que estamos passando trinta minutos ou mais com Deus. E eles são minutos preciosos. Contudo não fiquemos ligados a um hábito, mas ao Senhor.
Vamos orar e ter comunhão com Deus não porque outros o fazem. Tampouco devemos nos dedicar a essa prática como pensamento de que se trata de uma obrigação a ser cumprida todos os dias, algo frio e sem amor. Ademais ela também não deve ser um fim em si mesma. Façamos isso porque Deus nos concedeu o incomparável privilégio de ter comunhão com ele.
Meu irmão, assuma um compromisso com o Senhor, agora, de observar uma vigília matutina de sete minutos, bem como fortalecê-la e mantê-la pelo resto da vida.
É com autorização para Carlos R. Paiva que este texto foi extraído da revista Mensagem da Cruz (Editora Betânia). Acesse: www.editorabetania.com.br